O sindicalismo diante da revolução digital

5 pessoas trabalhando em uma mesa. Na foto aparece somente os notebooks vistos de cima.

Tem-se discutido bastante nos fóruns de Relações de Trabalho, a situação dos sindicatos laborais diante da Revolução Digital. Num mundo globalizado, é preciso considerar que a Revolução Digital, trouxe para os sindicatos a necessidade de acelerar o que antes já era uma verdade, a necessidade de se reinventarem, pois ao longo dos últimos anos a sindicalização vem reduzindo, chegando a níveis inferiores a dez por cento do contingente de empregados. 

Mesmo com a pulverização de sindicatos, ainda temos a unicidade sindical imposta no artigo 8º, II, CF e sua correlação com categorias, o que gera um entrave legal para que os sindicatos possam focar mais na atividade em si do que nos empregos, na capacitação dos trabalhadores ao mercado e constituírem instrumentos legítimos de assistência social. Deveriam poder se mobilizar também para garantir vantagens negociadas coletivamente como planos de saúde, seguros e um mínimo de condições econômicas para trabalhadores informais. A representação de categorias específicas seria substituída por unidades que promoveriam interesses compartilhados. 

Enfim, apesar de crer que o emprego é o principal meio legal para combater a desigualdade econômica e que o apoio coletivo continuaria necessário, sindicatos precisam pensar em representar, também, os trabalhadores informais, os que laboram por conta própria, os crowdworkers, entre outros. Essa ampliação na base é fundamental e pode muito bem constituir uma das bandeiras da reforma sindical que ainda está por acontecer. É notório que a restrição de sua representatividade somente aos empregados, isto é, aos que possuem vínculo formal subordinado, em um país em que quase 40% dos trabalhadores vivem na informalidade e que mais de 24 milhões laboram por conta própria, os sindicatos não se sustentarão por muito tempo se continuarem olhando para um modelo trabalhista em nítida desconstrução e substituição.

Muitos desses trabalhadores dependem de movimentos que surgem em países como a Itália e Portugal, conhecidos como os “Precariados” e que buscam a defesa dos infoproletariados, a mão-de-obra da era digital. As categorias viraram pó e, muitas, tornaram-se pequenas, com entidades fragilizadas, sem nenhum poder no cenário trabalhista.

É claro que a crise do sindicalismo brasileiro ainda possui um forte ingrediente moral, causado pelas más práticas de alguns. São os mandatos permanentes, a ausência de prestação de contas de certas diretorias, a insistência em pautas de negociação desconectadas com a realidade econômica, entre outras. Os sindicatos precisam urgentemente expurgar os seus representantes pelegos e viciados em práticas ultrajantes, pois não existe equilíbrio entre Capital e Trabalho sem um sindicalismo forte, sem as entidades que historicamente obtiveram conquistas tão representativas para nossos trabalhadores.

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